Uma lua de mel de adocicar o sangue – Parte I de II
Cientistas estudam o misterioso período de “lua de mel” do diabetes, o qual pode conter a chave para se curar a doença
Existe um período feliz e venturoso na vida de um diabético. Ele pode variar de um a dois anos de duração e é caracterizado pela facilidade sem igual no controle da doença. Apesar do diabetes nunca regredir de verdade – diferentemente de outras condições autoimunes, nas quais há ciclos de remissões e relapsos -, há uma fase de remissão precoce que começa semanas após o diagnóstico do diabetes tipo 1, durante a qual os pacientes se mantêm saudáveis e não necessitam de muita insulina a fim de controlar a glicemia. A alcunha de “lua de mel” para esta fase vem a calhar: eis tempos de trégua prévios à borrasca! E é justamente sobre esta época crucial que alguns dos mais importantes e avançados estudos atuais acerca do diabetes se concentram.
“Este é um período de grande interesse”, diz o doutor Nicholas Jospe, chefe da seção de Endocrinologia Pediátrica no Hospital Infantil Golisano do Centro Médico da Universidade de Rochester, em Nova York, e um dos principais autores de pesquisas sobre o tema. “Durante este período, níveis de açúcar no sangue de fato se normalizam mais do que em qualquer outra época, e pacientes não têm necessidade de muita insulina; é como se o corpo ainda estivesse produzindo a insulina. Mas ainda não entendemos a natureza desta remissão, e isto está empacando o campo de estudos”. “Caso soubéssemos o que está acontecendo, talvez pudéssemos replicá-lo (o período da “lua de mel”) ou prolongá-lo para o benefício dos pacientes”, complementa Jospe. “A maioria dos tratamentos hodiernos tenta fazer exatamente isso – prolongar a lua de mel diabética. Mas não houve muito sucesso até agora”.
O problema preocupa o doutor Jospe seria e profissionalmente. Há vinte anos, seu grupo de pesquisas e atendimentos ambulatoriais costumava atender cerca de vinte e cinco novos casos de diabetes tipo 1 por ano. Hoje, o número já beira os noventa novos casos, sendo as crianças o maior grupo diagnosticado. Todavia, a uma distância de aproximadamente um quilômetro e meio dos postos de atendimento do hospital, ainda no campus da Universidade de Rochester, Deborah Fowell lidera um grupo de pesquisas que utiliza equipamentos do estado-da-arte a fim de decifrar o funcionamento das células T e dos macrófagos nos processos do sistema imune. Quando os times de Jospe e o de Fowell se encontraram ano passado e decidiram unir seus esforços, segredos embasbacantes sobre as origens e as fases iniciais do diabetes foram revelados. Será que a doce lua de mel diabética finalmente poderá ser extendida?
A segunda parte desta história, contando as descobertas deste estudo conjunto, você acompanha em breve aqui no blog!
Imagem: kongsky/FreeDigitalPhotos.net
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