Qual a influência dos genes do pai no diabetes do bebê?
Mega-projeto de saúde “UK Biobank” revela as ligações entre a genética dos pais e as chances do bebê ter diabetes no futuro.
O corpo humano é uma máquina tão complexa, mas tão complexa que torna o estudo de doenças uma tarefa das mais complicadas. Como determinar quais causas geram quais conseqüências se há tantos fatores em jogo? O diabetes é um caso clássico de complexidade do corpo humano: influenciam na doença genes, células defeituosas, hormônios, tecidos, sistema imune e uma infinidade de outros fatores. Correlacioná-los é uma tarefa hercúlea.
Quando a complicação é muita, às vezes vale a pena ter uma visão mais abrangente do problema e tentar, a partir daí, tirar algumas conclusões. Esta é a idéia básica por trás do projeto UK Biobank. Desde 2006, o UK Biobank já recrutou mais de meio milhão de pessoas no Reino Unido, que se voluntariaram a doar amostras de sangue, urina e saliva, além de realizar exames detalhadíssimos e concordar em ter a saúde acompanhada ao longo dos anos. O grande número de participantes garante que os dados encontrados representam uma parcela significativa da população.
MEGA-PROJETO, MEGA-RESULTADOS
Uma das primeiras análises saídas do UK Biobank acaba de ser divulgada, e tem tudo a ver com o diabetes. De acordo com cientistas da Escola de Medicina da Universidade de Exeter, os dados do UK Biobank permitiram mostrar que a grande maioria dos bebês que nascem abaixo do peso tem pais (homens) com diabetes tipo 2.
A importância desta descoberta é óbvia para quem pesquisa o diabetes. É sabido há tempos que bebês que nascem abaixo do peso correm riscos muito maiores de desenvolver uma série de doenças ao longo da vida, como pressão alta, diabetes tipo 2 e doenças cardiovasculares.
“Usar uma quantidade tão vasta de dados permitiu-nos estar muito confiantes com as nossas conclusões”, disse a dra. Jessica Tyrrell, co-autora do estudo. “A descoberta de que o diabetes dos pais e dos filhos podem estar geneticamente relacionados tem implicações importantes nos tratamentos atuais, que tentam aumentar o peso ao nascer e evitar o desenvolvimento da doença, sugerindo que eles podem ser ineficazes”.
Porém, estudar a fisiologia humana é sempre um desafio. Outro dado do UK Biobank parece mostrar que mães diabéticas têm maiores chances de gerar bebês acima do peso – o que é o contrário dos dados relacionados aos pais. Agora, o desafio dos cientistas é conciliar estas duas informações e tentar chegar ao cerne do mistério do diabetes em recém-nascidos.
FUTURO PROMISSOR
Outro co-autor do trabalho, o professor Tim Frayling, explicou a importância do UK Biobank para a pesquisa médica no futuro. “Este estudo mostra de verdade o poder do UK Biobank. É realmente importante que cientistas estejam aptos a analisar números muito grandes de pessoas para conseguirem chegar às causas verdadeiras de doenças. É possível perder uma quantidade enorme de tempo seguindo pistas falsas, mas o tamanho do UK Biobank significa que nós podemos estar muito mais confiantes que nossos resultados são reais. O UK Biobank será um recurso altamente valioso para o Reino Unido e para os cientistas ao redor do mundo.”
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