Projeto educativo global sobre diabetes infantil chega ao Brasil
Ronaldo Wieselberg, Jovem Líder em Diabetes pela Federação Internacional de Diabetes (IDF), participou nesta terça-feira do lançamento do projeto KiDS e conta todas as novidades aqui!
POR RONALDO WIESELBERG
Você, que tem diabetes, independente do tipo… Você, mãe ou pai de uma criança com diabetes…Você, curioso sobre o assunto… Já pensou como deve ser difícil para uma criança ter diabetes? Você já escondeu o seu diabetes em algum momento, por medo de sofrer preconceito? Já teve dificuldade em matricular o seu filho com diabetes em uma escola devido à doença?
Bem, esse texto é especialmente para você.
Hoje, 05 de agosto de 2014, aconteceu, em São Paulo, o lançamento do projeto KiDS, sigla para Kids and Diabetes in Schools (“Crianças e Diabetes nas Escolas”, numa tradução livre), o novo projeto da IDF (Federação Internacional de Diabetes), em parceria com a ADJ Diabetes Brasil e com a indústria farmacêutica Sanofi, apoiados pelo Ministério da Saúde, Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD) e Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP). O programa, atualmente, está sendo experimentado no Brasil e na Índia, simultaneamente.
É claro que, como Young Leader da IDF, eu não só estava presente, como também auxilio na implantação do projeto! Vamos conhecer um pouco mais sobre ele?
Antes de falar do projeto, precisamos entender qual a situação das crianças com diabetes no Brasil…
Hoje, temos dados alarmantes sobre a situação das crianças por aqui. Cerca de 5% a 10% dos casos de diabetes no Brasil são de crianças com diabetes tipo 1. Isso perfaz cerca de 600 mil a 1,2 milhão de casos. São MUITAS crianças. Além disso, parte significativa das crianças no Brasil (10%) já apresenta sobrepeso e/ou obesidade – isso significa de que a cada dez crianças, uma já é obesa! –, o que aumenta o risco de ela se tornar um adulto obeso, com maiores chances de desenvolver diabetes tipo 2. Esses números são alarmantes!
E aqui, começam os problemas.
Em muitos casos, quando as crianças têm diabetes, é difícil encontrar escolas que as aceitem. Muitas escolas não aceitam a matrícula dessas crianças, sob a justificativa – errada – de que “não sabem lidar com uma criança com diabetes”, ou pior, de que “não se responsabilizam por ela”. Temos conhecimento de casos de muitas mães que largam seus empregos para cuidar exclusivamente dos filhos com diabetes, por vezes precisando ir até a escola para fazer um dextro – o teste de glicemia, na ponta do dedo – ou aplicar insulina.
Algumas crianças são proibidas, até, de aplicar insulina – o que significa tirar delas a salvação.Quando as escolas as aceitam, ainda existe um outro problema: o preconceito, por puro desconhecimento da doença. Sabemos de casos em que as crianças com diabetes sofrem com piadinhas de mau gosto, tais como serem chamadas de “viciadas” por precisarem aplicar insulina, serem isoladas pelas outras crianças, com medo de que “o diabetes passe para elas”, ou outros tipos de bullying. Quando não existe o preconceito, ainda assim, as crianças passam por problemas, uma vez que, por vezes, não recebem permissão de fazer os testes de glicemia (!) ou aplicar insulina (!!!) na escola, não podem ir ao banheiro ou beber água em casos de hiperglicemia – o que, por vezes, é necessário, já que alguns dos sintomas da hiperglicemia são a sede e a vontade excessiva de urinar – ou até mesmo de comer fora do horário, mesmo em casos de hipoglicemia – que são potencialmente fatais nesses casos.
Pois é, eu mesmo já passei por algumas dessas situações. Como as crianças – e adultos! – podem ser cruéis, às vezes!
Bem, é claro que essas atitudes são erradas! De acordo com o ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente), toda criança tem o direito de frequentar uma escola, ser acolhida, protegida e aceita nesse ambiente. Não pode ser negado a uma criança esse direito, não importando a justificativa.
E aqui, entra o projeto KiDS.
O projeto será, a princípio, realizado em 15 escolas no Brasil, tendo como alvo crianças entre 6 e 14 anos. Por meio de palestras lúdicas, práticas e interativas, os alunos conhecerão um pouco sobre o funcionamento do corpo humano, terão acesso às noções básicas de diabetes e orientações sobre atividade física e alimentação saudável, além de participarem de uma atividade de perguntas e respostas.
Os profissionais das escolas, pais dos alunos com diabetes e cuidadores farão parte do programa para ajudar a influenciar na discussão sobre hábitos saudáveis como parte dos esforços para controlar o peso e a obesidade. Eles poderão participar de oficinas práticas que vão abordar os sintomas, o monitoramento e o tratamento do diabetes, assim como sugestões sobre alimentação nas escolas e em situações especiais, sobre os exercícios físicos mais adequados para esses alunos, e as complicações mais comuns durante o período escolar, como técnicas para desenvolver novas habilidades e autoconhecimento.
Além disso, pais, professores e alunos vão receber materiais específicos, desenvolvidos para o programa, inteiramente em português.Esse material já está disponível, também, no site da IDF (www.idf.org) e no site da ADJ Diabetes Brasil (www.adj.org.br).Você pode, inclusive, dar uma conferida no material clicando aqui.
O material para o Brasil foi desenvolvido de acordo com a nossa realidade. Um exemplo muito legal é a pirâmide alimentar, adaptada ao nosso cardápio – assim como ela será adaptada às pirâmides de outros países, também. Ele conta com orientações sobre como detectar e tratar hipoglicemias, conceito sobre o que é diabetes, e, claro, um dia na vida do Tomás, um menino de 10 anos, com diabetes tipo 1, que tem uma vida perfeitamente comum, como qualquer menino de sua idade.
A expectativa do programa é alcançar cerca de 15 mil crianças e 260 pessoas, considerando pais, professores e cuidadores, até o final de 2014. E não é só isso! Ainda em 2014, existe a proposta de lançamento de um aplicativo em português, com elementos interativos do pacote educacional.
Bem, se o maior obstáculo em relação à aceitação da crianças com diabetes nas escolas era a falta de conhecimento sobre o assunto, estamos trabalhando duro nisso!
Um abraço, e até a próxima!
Remissão do diabetes tipo 2 é uma realidade cada vez mais frequente, afirmam entidades médicas
Um dos termos mais procurados junto com “diabetes” é “cura“. Afina…
Muito bom, vou indicar!
Boa noite,
Sou representante educacional, atualmente faço um trabalho com prefeituras e secretarias de educação.
Gostaria de saber, se o projeto KIDS que aborda a DIABETES , pode ser comprado pelas escola municípiais…
Vocês tem interesse numa parceria?
Att.
Tony Barros
71.9144.4495
Salvador.BA