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Problemas nos vasos estão com os dias contados

Em busca de um tratamento novo e eficaz para complicações comuns dos diabéticos, cientistas descobrem que um remédio já à venda contra a depressão apresenta resultados terapêuticos extraordinários.

Cientistas da Universidade do Texas realizaram uma pesquisa de proporções hercúleas na busca de medicamentos já existentes que poderiam combater os efeitos nocivos que a alta glicemia provoca em diabéticos. Para se ter uma idéia do tamanho da empreitada, foram testados no processo 6.766 remédios. Destes, apenas um se destacou como candidato a possível tratamento diabético. A surpresa é que ele é o princípio ativo de alguns dos mais populares antidepressivos à venda no Brasil e no mundo. Poderia um antidepressivo tratar os efeitos do diabetes, em especial os relacionados aos vasos sangüíneos? Após uma extensa bateria de testes, a resposta dos cientistas é um auspicioso “sim”!

Poderia um antidepressivo combater também os efeitos do diabetes? Como isso seria possível?

Os pesquisadores buscavam uma cura para as conseqüências da hiperglicemia – ou altas taxas de açúcar no sangue – nos vasos sangüíneos. O que ocorre é o seguinte: o excesso de açúcar correndo junto com o sangue pelos vasos estimula as células que recobrem os vasos a produzir uma família de moléculas químicas altamente tóxicas, chamadas de espécies reativas de oxigênio. Estas moléculas acabam destruindo tanto as células que recobrem os vasos quanto outras ao seu redor, e isto é a causa de diversos problemas comumente associados ao diabetes, como ataques cardíacos, derrames, retinopatia, nefropatia e neuropatia (para uma lista dos efeitos do diabetes no corpo humano e explicações detalhadas de como eles ocorrem, leia nossa página especial sobre o assunto).

Após estudar as propriedades fisico-químicas e terapêuticas de quase sete mil compostos, os pesquisadores descobriram que um deles, a paroxetina, apresentava resultados incríveis. Em ensaios feitos em tubo de ensaio, a paroxetina reduziu significativamente a concentração das espécies reativas de oxigênio e impediu que elas fossem produzidas pelas células que recobrem os vasos sangüíneos. As boas notícias não pararam por aí: o composto químico ainda protegeu o DNA, RNA e as proteínas das células, alvos preferenciais das moléculas tóxicas, e permitiu que vasos sangüíneos se dilatassem normalmente, mesmo em situações de hiper e hipoglicemia – algo absolutamente inédito.

“O potencial futuro deste estudo é que nós poderemos ser capazes de “modificar” a ação da paroxetina para ajudar na terapia experimental de tratamento de complicações cardíacas de diabéticos”, afirmou Csaba Szabo, principal autor do estudo, que foi publicado esta semana na revista científica Diabetes. “Precisaremos caracterizar cuidadosamente o perfil de segurança da paroxetina em pacientes diabéticos, mas eu acredito que há definitivamente potencial aqui.”

E o quê, afinal de contas, seria a paroxetina? Seria um medicamento obscuro e pouco utilizado, por isso ninguém ainda havia percebido suas propriedades benéficas aos diabéticos? Muito pelo contrário. A paroxetina é o princípio ativo de uma grande variedade de antidepressivos comumente receitados no Brasil. Além da depressão, síndrome do pânico, transtorno obsessivo-compulsivo, dor de cabeça crônica, fobia social e tensão pré-menstrual são também tratadas com estes remédios, vendidos no Brasil sob os nomes comerciais de Cebrilin, Arotin, Benepax, Paxan, Paxtrat, Pondera e Roxetin, além das versões genéricas, chamadas apenas de “Paroxetina”.

 

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