O que o Nobel de Medicina tem a dizer aos diabéticos
Shinya Yamanaka, cientista que venceu este ano o mais importante prêmio científico do mundo, alerta diabéticos para falcatruas utilizando células-tronco.
Foram anunciados esta semana os vencedores do prêmio Nobel de Medicina de 2012. O cientista britânico John Gurdon e o japonês Shinya Yamanaka foram agraciados por suas pesquisas com células-tronco.Vale lembrar que as células-tronco são componentes do nosso corpo com altíssima capacidade de duplicação e que podem se transformar, através dos estímulos corretos, em diferentes tipos celulares. Desde que foram descobertas, estas células são vistas como potenciais curas para diversas doenças, entre elas o diabetes.
Como é de praxe com o Nobel, as pesquisas dos dois cientistas são bastante antigas – e, como venceram o prêmio, significa que houve tempo suficiente para a comunidade científica julgá-las como adequadas e merecedoras da honraria. O trabalho de Gurdon, realizado na década de 1960, mostrou que o DNA de células já diferenciadas de sapos poderiam ser utilizadas para gerar novos girinos. Já Yamanaka, em 2006, foi capaz de “reverter” uma célula diferenciada de volta em uma célula-tronco, com capacidade para se transformar em outros tipos de célula madura.
Ninguém melhor do que estes cientistas, portanto, para dar um conselho sobre células-tronco a pacientes de todo o mundo.
O conselho de Yamanaka
Devido a sua alta capacidade de transformação em diversos tipos celulares, as células-tronco estão sendo pesquisadas há décadas com o intuito de regenerar tecidos lesionados por algumas doenças. Como exemplo, em teoria, cientistas poderiam programar células-tronco para se transformarem em células pancreáticas saudáveis, as quais seriam implantadas em diabéticos tipo 1 (que possuem defeitos justamente nestas células). Todavia, os pesquisadores ainda são bastante cautelosos quanto às terapias com estas células, devido à complexidade que é se trabalhar com elas. Isto não impede que diversos “centros de saúde” em todo o mundo propagandeiem que já oferecem tratamentos para as mais variadas doenças – como diabetes, esclerose múltipla, artrite, problemas de vista, Alzheimer, Parkinson e lesões na coluna vertebral – utilizando as células-tronco, e mintam quanto aos supostos resultados milagrosos. Além de não serem comprovados pela ciência, tais tratamentos podem provocar sérios riscos à saúde dos pacientes – sem contar o vazio na conta de banco, uma vez que costumam ser bem caros. O vencedor do Nobel Shinya Yamanaka alerta:
“Este tipo de prática é um problema enorme, é uma ameaça. Muitas das chamadas terapias com células-tronco estão sendo conduzidas sem nenhum dado usando animais, com checagens pré-clínicas de segurança”.(…) Os pacientes devem entender que se não houver dados pré-clínicos sobre a eficiência e segurança do procedimento que ele ou ela esteja submetido… pode ser muito perigoso”.
O cientista complementa: “Espero que pacientes e pessoas leigas entendam que há dois tipos de terapias com células-tronco. Uma é a que estamos tentando estabelecer. É unicamente baseada em dados científicos. Nós temos conduzido trabalhos pré-clínicos, experimentos com animais, como ratos e macacos”.
Apesar das precauções, Yamanaka nota que existem, sim, pesquisas sérias em andamento que utilizam células-tronco na cura de doenças. “Há muitas pesquisas promissoras acontecendo”, garante, reiterando, porém, que é fundamental ficar atento para o que for corretamente referendado pela ciência, evitando assim cair em falsas e perigosas promessas.
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