Mutação em um gene reduz em 65% riscos de diabetes tipo 2
Modificação em apenas 1 dos 20 mil genes humanos tem a capacidade de proteger o organismo do diabetes tipo 2. Será que dá para imitar este efeito com remédios?
O DNA humano é repleto de segredos e mistérios que os cientistas vão, aos poucos, desvendando.
É bem conhecido pela população que o sedentarismo, a obesidade e o sobrepeso são fatores de risco para o desenvolvimento do diabetes tipo 2. Mas uma das causas mais comuns do diabetes – a genética – ainda é esquecida por muita gente. Nossos genes possuem um papel essencial tanto na manutenção da saúde quanto no aparecimento de doenças. Uma nova pesquisa científica veio confirmar este fato. De acordo com os resultados do recente estudo, uma pequena alteração em apenas um gene pode responder por chances 65% menores de se ter diabetes tipo 2.
O trabalho envolveu a análise de amostras do material genético de mais de 150 mil pessoas, de todo o mundo.
O projeto foi iniciado há cinco anos, quando cientistas dos EUA e Europa, com a colaboração da farmacêutica Pfizer, se uniram em um esforço pioneiro. Eles coletaram amostras de DNA de pessoas que tinham tudo para estarem com diabetes tipo 2 – ou seja, tinham idade avançada e eram obesas -, porém conseguiam manter a glicemia sob controle. Qual era o segredo dessa gente?
PEQUENAS MUDANÇAS, GRANDES EFEITOS
A idéia dos cientistas era descobrir a resposta nos genes. Como estudar todos os mais de 20 mil genes humanos é uma tarefa quase impossível, os pesquisadores focaram em um gene específico (chamado de SLC30A8), que já se sabia que estava relacionado ao diabetes tipo 2.
Os primeiro resultados do estudo mostraram que, em indivíduos do norte da Europa, uma pequena mutação no gene SLC30A8 podia ser correlacionada a chances bem menores de diabetes tipo 2. Contentes com a descoberta, a equipe pesquisou se em populações diferentes esta mutação também existia. Além disso, eles procuraram por novas modificações que pudessem proteger do diabetes.
Ao longo dos cinco anos do estudo, o projeto identificou doze mutações no gene SLC30A8, algumas específicas de uma população, outras mais generalizadas dentre todos os humanos. Todas, porém, são bem raras. A descoberta mais interessante foi a seguinte: se uma pessoa tiver uma destas doze mutações no gene, as chances de ela vir a desenvolver diabetes tipo 2 caem 65%!
A próxima fase do projeto já está em andamento. Já que estas mutações protegem o organismo contra o diabetes, falta agora entender em detalhes o que cada uma delas modifica na atuação do gene para tentar, a partir daí, imitar o efeito através de novos medicamentos.
A pesquisa foi anunciada na última edição do respeitado periódico científico Nature Genetics.
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