Lições sobre o Descobrimento da Insulina e do Hospital Geral de Toronto
Na semana passada, em viagem de trabalho, tive a honra e o prazer de conhecer o Hospital Geral de Toronto – Canadá. Este Hospital é simplesmente o Local em que o cirurgião Banting e o estudante Best desenvolveram as pesquisas com animais que culminaram na descoberta (ou isolamento) da molécula de Insulina em 1922 e a sua primeira aplicação em um ser humano.
Vale a pena lembrar que, até aquele momento, pacientes diabéticos tipo 1 tinham sobrevida de poucos meses e, quando muito, alguns anos.
O cirurgião Banting morava em uma cidadezinha no Canadá chamada London e não era ligado ao meio acadêmico. Subitamente teve a idéia de submeter animais a um procedimento cirúrgico que seria capaz de destruir quase todo o pâncreas mas deixaria sobrar apenas as partes responsáveis pela produção de insulina (as ilhotas).
Banting pediu ajuda ao professor de Fisiologia da Universidade de Toronto chamado McLeod, que achou a idéia estranha, mas cedeu seu laboratório precário e alguns cães para os experimentos. Recomendou também um aluno chamado Best para lhe ajudar nos experimentos.
Felizmente em cerca de 1,5 ano o hormônio protéico chamado insulina foi isolado e aplicado em animais e pela primeira vez em uma cadelinha chamada Marjorie e depois de um período em um menininho chamado Leonard Thompson.
Logo em 1923 receberam o Prêmio Nobel de Medicina.
Na ocasião a imprensa noticiou a descoberta como a cura do diabetes. Mal sabiam que não era a cura , mas um grande passo para o controle e a prevenção das complicações desta doença.
Chamou minha atenção a memória do povo canadense. Nem percebi, mas quando um amigo me alertou fiquei estarrecido de ver que na nota de 100 dólares canadenses (a nota de maior valor no país) havia a imagem de um frasco de insulina. Talvez o motivo de eu ter ficado estarrecido foi o fato de ver que naquele país eles têm memória e ver que eles sabem valorizar seus grandes nomes, mesmo que tenham se passado 90 anos.
Fato interessante é que após o isolamento da molécula de insulina, o laboratório farmacêutico americano Eli Lilly se juntou ao grupo canadense e começou a produção e distribuição em larga escala da insulina de origem animal pelo mundo, tornando esta descoberta local em um medicamento que salvaria vidas em todo o globo terrestre.
Obviamente que muita coisa evoluiu ao longo destes 90 anos.
Hoje nossos pacientes diabéticos dispõem de insulinas desenvolvidas por engenharia genética, agulhas finíssimas, canetas de aplicação de insulina, discretas e pequenas, bombas de infusão contínua de insulina, aparelhos medidores de glicemia pequenos e rápidos e contagem de carboidratos para facilitar a dieta.
Felizmente, o Brasil tomou um papel de destaque nesta história dando o pontapé inicial no uso de células-tronco na tentativa de melhorar ainda mais a qualidade de vida dos portadores de diabetes tipo 1.
Que esta curta história sirva de estímulo para os diabéticos de hoje se cuidarem melhor. Que todos vejam que estamos vivendo num momento de grande explosão do conhecimento. Estamos na era das células-tronco e também na era de diversas outras pesquisas como a insulina inteligente (Smart Insulin), pâncreas artificial, medidores de glicemia com infra-vermelho, etc.
Encorajo a todos que se cuidem, que aceitem o diabetes e façam o tratamento adequadamente para poderem ter a chance de experimentar e utilizar as diversas novidades que estão por chegar até nós em poucos anos (poucos anos mesmo). Vamos nos cuidar bem hoje para podermos desfrutar do que vem por aí.
Por Dr Carlos Eduardo Barra Couri
PhD em Endocrinologia pela Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto – USP Pesquisador da Equipe de Transplante de Células-tronco – USP – Ribeirão Preto. Pesquisas, prêmios e publicações internacionais sobre diabetes tipo 1 e terapia com células-tronco.
Site: http://carloseduardocouri.blogspot.com.br ; www.twitter.com/cecouri
Remissão do diabetes tipo 2 é uma realidade cada vez mais frequente, afirmam entidades médicas
Um dos termos mais procurados junto com “diabetes” é “cura“. Afina…
Sou diabética a 25 anos e não vejo nenhum avanço para o diabético especialmente o do tipo 1 insulino dependente se você não tem dinheiro para comprar estes equipamentos caros você é obrigado a se submeter a uma insulina de péssima qualidade dificultando o controle (insuina fornecida pelo sus ) quando não falta o medicamento ou você come ou compra o medicamento é tudo muito hipócrita nenhum profissional na area de saúde reconhece esta situação e todo diabético é mal julgado e mau tratado se ficamos na mão destes laboratórios que fazem o que qerem cobram o que querem e quem não tem dinheiro para comprar fica doente e ao invés de vender glicosímetro para furar o dedo inventem a cura mas esta alyernativa não é rentável