Governo britânico quer ampliar oferta de cirurgia bariátrica a diabéticos
Proposta sugere redução do IMC mínimo para a operação entre pacientes com a doença.
O governo britânico pretende ampliar o grupo de pessoas que podem ser submetidas à cirurgia bariátrica. A ideia é que pacientes com índice de massa corporal (IMC) maior do que 30 que apresentem diabetes tipo 2 também recebam autorização para serem operados.
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Atualmente, a Grã-Bretanha oferece a cirurgia a obesos mórbidos (com IMC maior do que 40) ou pessoas com IMC a partir de 35 que tenham alguma doença grave associada. Considera-se como obeso o indivíduo que possui IMC superior a 30.
Diversos estudos, inclusive alguns realizados no Brasil, já comprovaram que a cirurgia bariátrica ajuda a controlar o diabetes tipo 2. Uma pesquisa feita na Suécia e publicada em junho foi a primeira a mostrar que o efeito da operação sobre a doença se estende a longo prazo. De acordo com o trabalho, a cirurgia aumenta a chance de regressão do diabetes e diminui as complicações da doença mesmo quinze anos após o procedimento.
A proposta do Instituto Nacional de Saúde e Cuidados de Excelência da Grã-Bretanha (Nice, na sigla em inglês) tem como objetivo dar alternativa de tratamento a mais pessoas com diabetes tipo 2 que não respondem aos tratamentos clínicos da doença, que incluem medicamentos e mudanças no estilo de vida.
Se a proposta for aprovada em consulta popular, estima-se que mais 800 000 britânicos poderão ser encaminhados para a cirurgia bariátrica. O Nice está preocupado com o aumento do número de pessoas com diabetes tipo 2 no país. Os cuidados com a doença representam cerca de 10% do total de gastos atuais do órgão.
“Mais da metade das pessoas submetidas à cirurgia bariátrica tem maior controle do diabetes após a operação e é menos propensa a desenvolver doenças relacionadas. Em alguns casos, a cirurgia pode até reverter o diagnóstico”, disse, em comunicado, Mark Baker, diretor do Centro de Prática Clínica do Nice.
A doença — O diabetes tipo 2 se manifesta quando uma pessoa desenvolve resistência à insulina, hormônio que controla os níveis de glicose no sangue. As causas podem ser genéticas e ambientais, como sobrepeso e sedentarismo. Dados do Ministério da Saúde divulgados em abril mostram que a prevalência da doença cresceu no Brasil de 5,5% em 2006 para 6,9% em 2013. No país, a cirurgia bariátrica é autorizada em pessoas com IMC acima de 35 que apresentam alguma doença associada ao sobrepeso.
O motivo pelo qual a cirurgia bariátrica ajuda no controle do diabetes tipo 2 não está apenas no fato de ela levar ao emagrecimento. “Essa operação tem ações antidiabéticas que acontecem independentemente da perda de peso. Trata-se de alterações metabólicas que melhoram o quadro de resistência à insulina”, disse ao site de VEJA Ricardo Cohen, coordenador do centro de diabetes do Hospital Alemão Oswaldo Cruz e ex-presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM).
Por esse motivo, Cohen acredita que o IMC não deveria ser o principal fator para determinar se uma pessoa com diabetes tipo 2 pode ser submetida à cirurgia bariátrica. “De qualquer forma, a proposta do governo britânico é bem-vinda. Entre 10% e 20% dos pacientes diabéticos não respondem ao tratamento clínico. Caso eles não possam passar pela cirurgia bariátrica, ficam sem opção de tratamento, e passam a receber cada vez mais insulina e medicações”, diz.
Segundo o médico, em 2013 foram realizadas no Brasil cerca de 70 000 cirurgias bariátricas pela rede privada e 5 000 pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
Fonte: Veja
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