Entenda tudo sobre a VACINA contra o diabetes tipo 1
Pesquisa publicada este mês abre o caminho para uma vacina contra o diabetes tipo 1 no futuro. Entenda o que foi descoberto e como isto pode mudar nossas vidas.
Ezio Bonifácio – eis um nome que iremos ouvir bastante nos próximos anos. Professor de diabetes no Centro de Terapias Regenerativas em Dresden, na Alemanha, Ezio e sua equipe publicaram uma descoberta incrível sobre uma possível maneira de prevenir o diabetes tipo 1 – o que gera esperanças de que uma vacina contra este tipo de diabetes seja criada em breve.
A ORIGEM DO DIABETES TIPO 1
[pullquote]No DM1, é o próprio organismo que destrói as células beta[/pullquote]Para entender o impacto da descoberta, vale relembrar: o diabetes tipo 1 costuma aparecer cedo durante a vida, quando o sistema de defesa do corpo ataca as células que produzem insulina. Conforme elas são destruídas, menos insulina é feita; com isso, o açúcar dos alimentos vai se acumulando no sangue, levando ao diabetes. Por isso, quem está com diabetes tipo 1 precisa, necessariamente, injetar insulina todos os dias para viver bem.
Ninguém sabe ao certo por que, em algumas pessoas, acontece este “auto-ataque” do sistema imune contra as células que produzem insulina. Uma hipótese é que, em diabéticos tipo 1, o sistema de defesa não entrou em contato suficiente com a insulina durante os primeiros anos de vida. É como se os “soldados” que nos guardam contra infecções encontrassem a insulina pela primeira vez e achassem que ela era uma “intrusa”, que deve ser combatida.
COMBATENDO DO LADO CERTO
Como, então, convencer o sistema imune de que a insulina é uma parte “boa” do nosso corpo? Uma idéia é “apresentá-la” aos soldados nas quantidades adequadas, nos primeiros anos de vida, a fim de que eles se acostumem ao hormônio e não ataquem, no futuro, as células que o produzem.
[pullquote]A vacina “ensanaria” ao sistema de defesa do corpo que a insulina não é um “inimigo”[/pullquote]Foi exatamente isto que Ezio e sua equipe buscaram fazer. Eles recrutaram 25 crianças, de 2 a 7 anos e com alto risco de desenvolverem diabetes tipo 1 (isto é, tinham histórico familiar de DM1 e possuíam genes que as predispunham à condição). Elas receberam, durante um período que variou de 3 a 18 meses, doses variáveis de insulina oral.
A insulina oral é um pózinho de insulina que pode ser misturado aos alimentos. Ele não é vendido normalmente para tratar o diabetes porque a insulina, quando “engolida”, é destruída muito rapidamente pelo corpo – apenas 1% chega à corrente sangüínea. Por isso que as injeções ainda são a melhor opção.
Porém, uma vantagem da insulina em pó é que ela entra em contato com a mucosa da boca. E lá ela entrará em contato também com células do sistema imune.
Vacina contra diabetes tipo 1: os primeiros e promissores passos já foram dados.
RESULTADOS ANIMADORES = 1ª VACINA ANTI-DIABETES?
[pullquote]Se tudo der certo, as primeiras vacinas poderão estar prontas já na próxima década.[/pullquote]O estudo foi conduzido de 2009 a 2013, e só agora os resultados foram compilados. A descoberta dos cientistas é que as crianças que receberam as maiores doses de insulina oral mostraram, de fato, sinais de que o sistema imune já estava “reconhecendo” o hormônio, o que indica um caminho promissor na prevenção do ataque às células beta, produtoras da insulina.
“Dar insulina a crianças com alto risco genético de desenvolver diabetes tipo 1 pode, na verdade, ter um efeito protetor, como se fosse uma vacina. Ou seja, a insulina estimula o sistema imune destas crianças de um jeito que as protege do diabetes tipo 1”, afirmou Ezio em um comunicado à imprensa.
A meta do grupo de pesquisas de Ezio, agora, é testar o método em um grupo maior de crianças. Os resultados deste estudo deverão estar prontos apenas em 2022. Enquanto isso, os pesquisadores testarão doses maiores de insulina oral.
De acordo com o cientista, caso o método venha a se transformar em uma vacina contra DM1, crianças com alto risco de desenvolver a doença começarão o tratamento com insulina oral aos 6 meses de idade, e continuarão recebendo as doses até os 2 ou 3 anos.
O estudo foi publicado no periódico científico JAMA. [button link=”http://jama.jamanetwork.com/article.aspx?articleid=2275446″ target=”new” color=”blue”]Clique aqui para acessar o artigo[/button]
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