Diabetes pelo Mundo: México
O México sofre com um aumento sem precedentes no número de casos de diabetes. O sistema de saúde não funciona e, segundo especialistas, o país dos mariachis ruma a uma situação “catastrófica”.
Algo tem mudado no México nos últimos anos. O povo, antigamente jovial e saudável, já não é mais o mesmo. Andando-se pelas ruas coloridas e festivas das principais cidades do país, é impossível não topar com pessoas acima do peso. Muito acima do peso, por sinal. Da década de 1970 para cá, a taxa de obesidade triplicou no México. Hoje, impressionantes 82% das mexicanas são obesas ou estão acima do peso, ante 64% dos homens e 34,4% das crianças. O país já é o segundo mais gordo de todo o mundo, perdendo apenas para seu vizinho ao norte, os EUA. Pegando carona com a obesidade, outra doença tem dado as caras no México e assustado especialistas locais: o diabetes.
Estar acima do peso é um dos fatores que mais influem na incidência de diabetes tipo 2. O aumento de peso generalizado da população mexicana, de acordo com o governo, decorre de mudanças de hábitos alimentares nos últimos 30 anos, durante os quais o consumo de fast food e bebidas açucaradas e a falta de atividade física ganharam espaço na sociedade. Como conseqüência natural, os casos de diabetes dispararam.
Os últimos levantamentos do governo mexicano mostram números assustadores. O país possui uma população de 115 milhões. Destes, o número de diabéticos tipo 1 ou 2 varia entre 6,5 e 10 milhões. 400,000 crianças com idade inferior a 15 anos são diabéticas. Um quinto das mulheres e mais de um quarto dos homens correm seriíssimos riscos de desenvolver diabetes nos próximos anos. Para piorar a situação da população, o sistema de saúde do país, desorganizado, não fornece cobertura adequada a esta ampla parcela da população que necessita de cuidado contínuo. O resultado destes números é que o diabetes é a doença que mais mata no país, ceifando as vidas de 70,000 pessoas todos os anos.
O aumento da obesidade levou ao crescimento nos casos de diabetes. E muitos casos de diabetes significam que mais pessoas têm desenvolvido doenças correlacionadas ao mal tratamento da condição. Cegueira e problemas renais, complicações comuns em quem não trata com cuidado do diabetes, aparecem cada vez mais freqüentemente nos relatórios médicos. De acordo com o dr. Abelardo Avila Curiel, especialista em estudos populacionais do Instituto Nacional Salvador Zubiran de Ciências Médicas e Nutrição, há 150,000 mexicanos recebendo diálise atualmente, e um número igual deveria também passar pelo procedimento, porém não possui cobertura de planos de saúde.
A situação beira a calamidade. “Quando projetamos o aumento nos casos de diabetes e os custos associados a isto, o sistema de saúde mexicano ficará sobrecarregado. Seus custos não poderão ser pagos. Em 2020, a situação será catastrófica. Em 2030, o sistema entrará em colapso.”, avisou o doutor Curiel.
Praias belíssimas e paradisíacas, como o Cabo San Lucas, são um dos atrativos do México.O novo presidente mexicano, Enrique Pena Nieto, tomou posse sábado, 1 de dezembro. Esperamos que promova ampla revisão no sistema de saúde do país e que estimule programas de educação da população sobre os perigos da obesidade e do tratamento inadequado do diabetes. O México é um país belo, com um povo alegre e festivo, e é muito triste vê-lo mergulhado em problemas facilmente evitáveis como os expostos acima.
Remissão do diabetes tipo 2 é uma realidade cada vez mais frequente, afirmam entidades médicas
Um dos termos mais procurados junto com “diabetes” é “cura“. Afina…