Diabetes pelo mundo: China
O que faz um país com mais de 1 bilhão de habitantes quando os índices de diabetes e obesidade nas crianças dispara?
O gigante econômico asiático corre o risco de ver sua economia sofrer para cuidar de uma população cada vez maior – tanto em número de habitantes quanto em tamanho da cintura. Segundo ampla pesquisa realizada na China, as taxas de obesidade, diabetes e problemas cardiovasculares em crianças e adolescentes é altíssima, o que pode significar problemas inéditos para o serviço público de saúde.
Apesar de possuir a segunda maior economia do mundo, gerando mais de 8 trilhões de dólares anuais, a China sempre foi um país majoritariamente pobre. Dados de 2008 mostram que 30% da população sobrevivia com menos de um quinto de um salário mínimo brasileiro por mês. Nas últimas décadas, porém, o rápido crescimento econômico – de cerca de 10% do PIB por ano – fez com que muitos chineses pudessem desfrutar de um estilo de vida melhor. Milhões de pessoas saíram da linha de pobreza e passaram a consumir mais alimentos e adotar hábitos de vida comuns no Ocidente. As mudanças nos padrões sociais no país trouxeram consigo condições preocupantes bastante comuns a nós: a obesidade e o sedentarismo.
E, junto com eles, é claro, toda a gama de doenças correlacionadas, entre elas o diabetes.
Uma enorme pesquisa – sob todos os aspectos
Pesquisadores da Universidade da Carolina do Norte, nos EUA, dão as dimensões exatas do problema chinês. Eles acompanham há vinte anos os dados de saúde de 29 mil pessoas, espalhadas por 300 comunidades chinesas. A cada dois anos, os cientistas atualizam os dados sobre mudanças de peso, hábitos alimentares e níveis de atividade física dos pacientes.
As últimas conclusões do grupo, publicadas no mais importante e aclamado periódico científico sobre a obesidade, chamado Obesity Reviews, mostram um aumento acelerado no número de crianças e jovens em risco de problemas cardiovasculares. Segundo o levantamento, a China possui 1,7 milhão de crianças entre 7 e 18 anos com diabetes e mais 28 milhões pré-diabéticas – para se ter uma idéia comparativa, este é um número equivalente a toda a população da região sul do Brasil.
“Além disso, mais de 35% das crianças menores de 18 anos têm níveis elevados de, pelo menos, um fator de risco cardiometabólico”, afirma o professor Barry Popkin, responsável pelo estudo.
Estes dados indicam que as taxas de diabetes e de problemas cardiovasculares são quatro vezes maiores na China do que nos EUA – um país visto, há muito tempo, como sendo um mau exemplo de hábitos alimentares.
Os pesquisadores norte-americanos relatam que os motivos desta piora na saúde chinesa são, justamente, o aumento do sobrepeso e da obesidade, aliados à falta de atividades físicas e demais hábitos saudáveis. Segundo eles, caso nada seja feito para alterar este quadro, estes jovens logo representarão um enorme fardo à saúde do país, uma vez que as chances de se tornarem adultos doentes é grande.
Um fator interessante do estudo é o de que os cientistas perceberam que os maus índices de saúde apareceram tanto nas comunidades rurais quanto nas urbanas. Ou seja, alimentar-se de maneira errada e não praticar exercícios físicos são hábitos universais para boa parte da população da China. O que o gigante totalitário irá fazer para controlar o problema é algo a ser observado de perto.
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