COVID-19 severa e diabetes: o que os médicos estão dizendo sobre tratamentos?
Isso não significa que estar com diabetes necessariamente torna a pessoa suscetível ao coronavírus, é claro. E nem que estar com diabetes necessariamente ampliará os efeitos da doença. Há inúmeros casos de pessoas com diabetes curadas, ou que tiveram apenas sintomas leves. Mas é fato que uma parte considerável dos casos graves de COVID-19 em todo o mundo é relacionada ao diabetes, então é necessário ter cautela.
Recentemente, um dos principais periódicos médicos do mundo publicou orientações e novidades sobre o tratamento de COVID-19 em pacientes com diabetes. Resumimos as principais informações a seguir.
O QUE A LANCET DIABETES & ENDOCRINOLOGY DIZ
Em 23 de abril, o respeitado periódico médico Lancet Diabetes & Endocrinology trouxe um artigo, em formato de “opinião pessoal” (isto é, trata-se de um relato de observações pessoais dos médicos envolvidos, e não um estudo científico de fato), sobre cuidados médicos em pessoas com diabetes e a COVID-19. O artigo foi escrito por um grupo com 19 membros, liderado pelo Dr. Stefan R. Bornstein, médico do Helmholtz Zentrum München e da Technische Universität Dresden, na Alemanha. O grupo conta com profissionais provenientes da Europa, Estados Unidos, Ásia, Austrália e América do Sul. Você encontra um link para o artigo completo no final do nosso texto.
Preparamos, a seguir, um resumo das principais orientações:
PREVENÇÃO
- Primeiro ponto: prevenir o descontrole da glicemia. Isso é especialmente importante em pessoas com diabetes tipo 1, que idealmente devem medir em casa, além da glicemia, as cetonas no sangue.
- Para DM1 e DM2, é importantíssimo que o controle da glicemia esteja ótimo. Por isso, todas as estratégias para ajudar as pessoas a atingir suas metas – seja aprimorando os tratamentos, seja via consultas por telemedicina – são válidas.
MONITORAMENTO
- É essencial monitorar o diabetes em todos os pacientes hospitalizados com Covid-19.
TRATAMENTO
- Para pessoas sabidamente infectadas com o novo coronavírus e que exigem tratamento médico, é importante monitorar por completo a sua saúde (glicemia plasmática, eletrólitos, pH, cetonas no sangue ou β-hidroxibutirato).
- Os médicos sugerem, inclusive, o tratamento intravenoso com insulina precoce em pacientes com doença grave.
- Curiosamente, seguem as metas glicêmicas para casos leves e graves da COVID-19:
- Casos leves: glicemia no plasma de 72 mg/dL a 144 mg/dL
- Casos graves: 72 mg/dL a 180 mg/dL.
MEDICAMENTOS: ATÉ A METFORMINA EXIGE CUIDADOS!
O tratamento das formas mais severas de COVID-19 exige que até mesmo um dos medicamentos antidiabéticos mais seguros que existem – a metformina – seja usado com cautela.
De acordo com o artigo médico, em casos graves de COVID, metformina e medicamentos da classe SGLT2 (inibidores do cotransportador 2 de sódio-glicose) devem ter seu uso suspenso, pois podem acarretar lesões nos rins e maiores riscos de desidratação. Além disso, o uso da metformina nesses pacientes aumenta a chance de acidose lática, enquanto que os SGLT2 aumentam os riscos de cetoacidose diabética. Lembrando, aqui, que são orientações médicas, específicas para casos graves de COVID-19 apenas – pessoas com casos leves e que utilizem qualquer dos medicamentos devem continuar a usá-los.
Medicamentos das classes GLP-1 e DPP-4 podem ser usados sem problemas nesses pacientes, monitorando-os constantemente para evitar desidratação.
E, é claro, o uso de insulina deve continuar sempre.
As orientações descritas acima, segundo os médicos autores do artigo, “são baseadas em nossa opinião como especialistas, ainda aguardando o resultado de ensaios clínicos randomizados”.
SAIBA MAIS
- Lancet Diabetes Endocrinol. VOLUME 8, ISSUE 6, P546-550, JUNE 01, 2020. Texto completo
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