Cirurgia bariátrica controla diabetes em paciente com sobrepeso
A maioria dos diabéticos não se adequa aos critérios para fazer cirurgias bariátricas. O que acontece quando ela é feita mesmo assim?
A cirurgia bariátrica – popularmente conhecida como “cirurgia de redução do estômago” – é uma técnica reconhecida para o tratamento do diabetes tipo 2 em pessoas acima do peso. Alguns estudos apontam que os índices de remissão do diabetes após as cirurgias podem chegar a 80% dos casos. Apesar de ser uma alternativa terapêutica viável para o diabetes, há uma grande contradição que envolve a doença e a técnica cirúrgica: a grande maioria de quem tem diabetes não pode fazer a operação.
Isto acontece porque os médicos seguem alguns princípios antes de realizar uma cirurgia complexa como a bariátrica. O Conselho Federal de Medicina autoriza, hoje, a cirurgia apenas para pacientes que tenham IMC acima de 40, ou então que possuam IMC entre 35 e 40, mas que apresentem comorbidades comprovadas, como diabetes tipo 2, hipertensão arterial, doença coronariana e artrites. Além disso, o paciente deve ter passado dois anos tentando, sem sucesso, diminuir o peso através de outras técnicas.
Vale lembrar: o IMC, ou índice de massa corporal, é um número calculado dividindo-se o peso, em quilogramas, pelo quadrado da altura, em metros. [Clique aqui para calcular seu IMC online]. Um IMC de 35 equivale, portanto, a uma pessoa de 1,60m e que tenha 90kg.
O problema é que, tanto no Brasil quanto no restante do mundo, a grande maioria das pessoas que têm diabetes possuem IMC menor que 35. Elas são consideradas, normalmente, “acima do peso” ou com “obesidade leve”. Assim, estas pessoas não estão habilitadas a fazer a cirurgia bariátrica, e pouco se sabia sobre os efeitos do procedimento cirúrgico neste grande grupo de diabéticos.
A história mudou este mês, devido a uma pesquisa brasileira. Conforme noticia o jornal O Estado de São Paulo,
“Uma técnica experimental de cirurgia bariátrica, que consiste na inserção de um tubo flexível e impermeável no interior do intestino do paciente, foi capaz de promover o controle da diabete tipo 2 em voluntários com obesidade leve ou sobrepeso. A conclusão é de um estudo do Hospital Oswaldo Cruz, de São Paulo, publicado neste mês na revista científica The Journal of Clinical Endocrinology & Metabolism.”
Como funciona a técnica
A estratégia utilizada pelos médicos do Hospital Oswaldo Cruz consistiu em inserir um tubo de 60cm de comprimento, impermeável, logo no início do intestino. Esta inserção é feita por via endoscópica, ou seja, pela boca, o que significa que não são feitos cortes no paciente. A região inicial do intestino é um dos locais que mais absorvem nutrientes no nosso trato digestivo. Quando o tubo é inserido ali, por ser impermeável, ele bloqueia boa parte desta absorção, favorecendo o emagrecimento. De acordo com o Estadão, “O cirurgião Ricardo Cohen, um dos autores da pesquisa, explica que o dispositivo é feito para ficar no corpo do paciente por um ano. No caso dos participantes do estudo, 40% mantiveram a medicação reduzida mesmo depois da retirada do aparelho.”
Os resultados foram animadores. Em 75% dos pacientes (12 pessoas), o diabetes tipo 2 foi controlado após um ano da inserção do tubo.
“Ao final do experimento, o IMC médio dos pacientes havia caído 3,6 pontos. O nível médio de glicemia de jejum caiu de 207 para 155 mg/dL. Outros indicadores, como triglicérides e colesterol, também apresentaram melhora. Depois de 12 meses – período no qual foi reduzida a quantidade de remédios para controle da diabete -, o dispositivo foi retirado dos pacientes.“, afirma a matéria.
Os autores do estudo entendem estes resultados como indício de que o desvio da comida do contato com a porção inicial do intestino gera efeitos benéficos no controle metabólico. Isto pode servir de argumento para que a técnica seja indicada para pacientes diabéticos com IMC menor do que 35 e que não conseguem diminuir as medidas através de outros procedimentos.
Histórias de quem passou pela técnica experimental
Pacientes foram entrevistados pela reportagem do Estadão. Eis suas opiniões sobre a nova técnica:
O médico Luiz Carlos Barbirato, de 56 anos, foi um dos voluntários do estudo. “Tive uma evolução boa. Era hipertenso e diabético. Em três meses, o remédio para hipertensão diminuiu pela metade. Em seis meses, o remédio para a diabete também foi reduzido para a metade. Em um ano, a glicemia quase tinha voltado ao normal”, diz.
Com o dispositivo, Barbirato, que pesava 112 quilos, perdeu 18. “Depois que tirei o aparelho, aumentei um pouco o peso. Estou com 4 quilos a mais, mas isso está se mantendo.”
Outro voluntário, o eletricista Manoel Messias, de 46 anos, conta que os efeitos positivos do procedimento persistiram por um ano após a retirada do dispositivo. “Perdi a vontade de comer doces e frituras. Então, como me adaptei a uma outra alimentação, ficou melhor para mim e a diabete caiu bastante.”
Remissão do diabetes tipo 2 é uma realidade cada vez mais frequente, afirmam entidades médicas
Um dos termos mais procurados junto com “diabetes” é “cura“. Afina…
porque sera que nao se inicia o procedimento?quanto tempo mais de pesquisa, pelo que sei ja se faz esse procedimento em outros lugares.esse brasil e uma piada.