Aumento do diabetes tipo 2 no mundo pode levar a uma epidemia de malária
Entenda neste post a relação incrível e inesperada entre as duas doenças.
A prevalência cada vez maior do diabetes tipo 2 no planeta inteiro já é preocupante por si só, e agora um novo fator de inquietação entra na jogada. Pesquisadores da Universidade da Califórnia, Davis, explicam na última edição do periódico Infection and Immunity que, caso o número de diabético tipo 2 na África continue aumentando, a disseminação da malária pode crescer concomitantemente.
Mas qual seria a relação entre as duas doenças, aparentemente tão diferentes?
A malária é uma doença causada pelo parasita protozoário Plasmodium falciparum, o qual é transmitido aos humanos através da picada de mosquitos do gênero Anopheles – o mesmo dos pernilongos transmissores da filariose. Os principais sintomas da malária são febres periódicas, sudorese, dores de cabeça, dores nas costas, náuseas, vômito, tosse seca, fadiga, dores musculares e aumento do baço. Os mosquitos também não se dão muito bem com os P. falciparum, e seu sistema imune luta ativamente contra o invasor. Caso o sistema imune do mosquito consiga vencer os protozoários, portanto, não há problema em ser picado por ele. O que os cientistas descobriram é que a insulina humana – que entra no organismo do mosquito quando ele nos pica – diminui a eficiência do sistema imune dos Anopheles, tornado-os mais vulneráveis ao Plasmodium. Se isto já é ruim, imagine o que acontece quando estes mosquitos picam seres humanos com diabetes tipo 2: sabe-se que, pelo menos nos primeiros anos da doença, as taxas de insulina na corrente sangüínea destes portadores de diabetes é muito maior do que o normal. Assim, em resumo, se dá o ciclo vicioso: diabéticos tipo 2 têm mais insulina no sangue, e Anophles que picam estas pessoas terão menor capacidade de destruir os parasitas da malária que porventura possuam, favorecendo a disseminação da doença.
O local mais afetado pela malária no mundo é o continente africano. E lá as taxas de diabetes tipo 2 têm aumentado progressivamente. Estima-se que, já em 2030, 1 de cada 5 adultos africanos será portador do diabetes tipo 2.
Nazzy Pakpour, principal autora da pesquisa, classifica a situação como “horrível” e, ao mesmo tempo, “cientificamente intrigante”. “É uma loucura pensar que uma coisa no nosso sangue pode mudar a maneira de mosquitos responderem a parasitas”, afirma a cientista.
Há esperanças?
Como sempre, pode-se confiar na capacidade humana de resolver grandes problemas e de se ter grandes idéias. A pesquisa da dra. Nazzy descobriu que a insulina humana diminui a capacidade do sistema imune dos mosquitos ao inibir a expressão de alguns genes importantes para a defesa destes insetos e ativar vias de sinalização imunosupressoras. Caso estas vias possam ser “desligadas” artificialmente – e elas o podem! -, o efeito nefasto da insulina humana nos Anopheles tem tudo para ser mitigado.
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