Apolipoproteína A-IV – potencial novo tratamento para o diabetes
Apesar do nome difícil, vale a pena manter esta proteína na cabeça: estudos demonstram que ela normaliza e potencializa a ação da insulina, além de possuir características únicas que a tornam uma ótima candidata a novo tratamento contra a doença.
Semana passada comentamos o embate entre cirurgia bariátrica e o tratamento com remédios como alternativas na cura do diabetes. Neste duelo, a cirurgia acabou prevalecendo, na opinião de cientistas italianos, como o método mais eficaz na remissão da doença. E agora surgem boas novas de que a cirurgia bariátrica revela ainda mais surpresas agradáveis aos diabéticos.
De acordo com estudos prévios, pessoas que passaram pela cirurgia de redução estomacal apresentavam níveis maiores de uma proteína chamada apolipoproteína A-IV (apoA-IV). Esta molécula, secretada pelo intestino em resposta à absorção de gordura, naturalmente possui a habilidade de reduzir a glicose sangüínea e melhorar a secreção de insulina. O que significa que o potencial terapêutico dela na cura do diabetes é imenso!
É o potencial alto de uso da apoA-IV no combate ao diabetes, descoberto através dos bons resultados das cirurgias bariátricas, que foi revelado na última edição do periódico científico Proceedings of the National Academy of Sciences. Pesquisadores da Universidade de Cincinnati descobriram que tanto camundongos diabéticos quanto animais obesos que desenvolveram diabetes mostraram melhora considerável na resposta da insulina à glicose após serem injetados com a apoA-IV. Além disso, animais com deficiência na produção da proteína produziam muito menos insulina do que o normal.
Potencial terapêutico
Boas notícias vêm também dos estudos da apoA-IV como remédio para diabéticos. Patrick Tso, professor do Departamento de Patologia e Medicina Laboratorial da Universidade, explica que a apoA-IV possui ação similar à das incretinas, hormônios gastrointestinais que promovem a liberação da insulina após as refeições. As incretinas já são utilizadas em remédios hoje populares contra o diabetes. Porém, há um grande problema em relação a elas. Explica o doutor: “O problema (…) é que elas têm vida curta – durando por poucos minutos – e são rapidamente inativadas por uma enzima. Elas também foram relacionadas a hipoglicemia, ou pouco açúcar no sangue, quando administradas quando o corpo está com baixa concentração de glicose. O desafio é encontrar algo mais seguro e com uma meia-vida mais longa.”
Seria este “algo” a apoA-IV? Pode ser que sim, segundo Tso. A meia-vida da molécula é de sete a oito horas. Testes in vitro confirmaram que ela não afeta os níveis de glicose quando administrada em concentrações baixas do açúcar. Ao contrário, até: nestas situações, a proteína estabilizou os níveis de glicose. Depois de tantas boas notícias, a equipe da Universidade licenciou os resultados a uma empresa, Apofore Corporation, que irá realizar estudos mais aprofundados da apoA-IV e buscará transformá-la em nova droga contra o diabetes.
Imagem: FreeDigitalPhotos.net
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