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Animais de Estimação: uma ajuda a mais no controle da glicemia

Pesquisa mostra que adolescentes com diabetes controlam melhor a glicemia (e têm até valores menores de hemoglobina glicada!) quando cuidam de animais de estimação.

A adolescência é um dos períodos mais complicados da vida. Hormônios, desejos, experiências e responsabilidades competem na mente do jovem pela formação do novo adulto. Este caminho é repleto de percalços e chateações – tanto para o adolescente quanto para seus pais, que enfrentam crises terríveis de humor e têm de aprender a lidar com a “nova versão” dos filhos!

[pullquote]“Meu filho nem percebia que estava conversando mais sobre seu diabetes e estava medindo a glicemia com maior freqüência”[/pullquote]

Se os adolescentes já são notoriamente conhecidos pela rebeldia, o que dizer de jovens que passam pela adolescência juntamente com o diabetes? Isto é, como fica a rebeldia natural da idade em vista de uma condição de saúde que exige cuidados diários e muito autocontrole?

No geral, jovens costumam cuidar mal do diabetes. Não medem a glicemia tantas vezes quanto deveriam, prestam menos atenção ao que comem e chegam até a esquecer de aplicar insulina nos momentos certos. Isto está relacionado à vontade de ser independente, livre, inclusive em relação à doença.

Porém, não dá para escapar: é preciso tratar, gostando ou não, do diabetes diariamente. Como convencer os jovens a fazer isto? Como fazê-los entender a importância de cuidar bem da saúde? Uma resposta pode estar dentro de um aquário…

 

Uma rara visão do ponto de vista de adolescentes com diabetes tipo 1 pode ser vista nesta reportagem especial, sobre uma série de fotografias tiradas por jovens e que mostram como é conviver, todos os dias, com o diabetes.

Pesquisa realizada por cientistas do Centro Médico da Universidade do Texas, nos Estados Unidos, mostrou que cuidar de um bichinho de estimação – no caso do experimento, um peixe beta – ajuda os jovens a diminuir a glicemia, aumentar o número de medições e até mesmo a conseguir valores melhores de hemoglobina glicada.

 

UMA BOA ESTRATÉGIA PARA MELHORAR OS CUIDADOS DOS JOVENS COM A SAÚDE

“Adolescentes são um dos grupos de pacientes mais difíceis de tratar, principalmente por causa dos vários fatores psicossociais associados a esta fase da vida”, contou a doutora Olga Gupta, co-autora do estudo e professora de Medicina e Pediatria na UT Southwestern.

“Nós aprendemos que instruir as famílias a associar cuidados com um peixinho aos cuidados com a saúde do diabético pode melhorar significativamente os níveis de hemoglobina glicada”, disse Olga. O estudo foi publicado no periódico científico Diabetes Educator.

O que motivou os cientistas a dar um peixinho aos jovens?

O que motivou os cientistas a dar um peixinho aos jovens?

A idéia da pesquisa foi simples: será que induzir um jovem a cuidar de um animal o “desperta” para o fato de que todos nós precisamos de cuidados?

Isto é, será que o adolescente “se toca” de que não fazer as medições de glicemia e não tomar remédio na hora certa é a mesma coisa que deixar de cuidar do animal?

O peixinho foi escolhido por ser fácil de cuidar, não exigir grandes investimentos de tempo e dinheiro mas, de qualquer maneira, poder se tornar uma companhia prazerosa.

Os peixes beta são muito populares no Brasil, devido à beleza e facilidade para cuidar. [pullquote]”(Meu filho) alimentava o peixe, lia para ele, até mesmo assitia TV com ele!”[/pullquote]

O estudo acompanhou 28 jovens com diabetes tipo 1, de idades entre 10 e 17 anos, durante 03 meses. Todos receberam um peixinho beta e um pequeno aquário. A indicação era manter o aquário, de preferência, no quarto do jovem (para estimular o contato). O adolescente tinha de alimentar o animal de manhã e à tarde; toda vez que desse comida, deveria, também, medir a própria glicemia. Uma vez por semana, era hora de trocar a água do aquário e de acompanhar, com um profissional da saúde, os resultados das medições.

Famílias de jovens com diabetes tipo 1 logo toparam a idéia de participar do experimento. “Ele nunca teve a oportunidade de ter um bichinho de estimação, e se isso significasse uma melhora na glicemia, então eu estava a fim de participar”, disse Jeanette Claxton, mãe de um dos participantes.

“Ao longo de toda a experiência, nós cuidamos de dois peixes, que acabaram fazendo parte da família. O primeiro peixe era o Bob, e meu filho o alimentava, lia para ele, até mesmo assistia TV com ele”.

“Meu filho nem percebia que estava conversando mais sobre seu diabetes e estava medindo a glicemia com maior freqüência”.

O caso de Jeanette não foi o único: no geral, o simples fato de cuidar de um animal tornou o convívio com o diabetes algo muito mais fácil e prazeroso para os adolescentes.

Pesquisas comprovam: ser amigo de um pet ajuda a melhorar a saúde em vários aspectos – inclusive no controle do diabetes.

 

RESULTADOS: CUIDAR DE PEIXINHO MELHOROU A SAÚDE!

Os resultados do experimento mostram que os jovens diabéticos tipo 1 que cuidaram do animal de estimação, em comparação a um grupo controle da mesma idade, tiveram:

  • redução de 0.5% nas taxas de hemoglobina glicada
  • valores menores de glicemia

Os benefícios à saúde foram vistos principalmente em adolescentes mais novos. Segundo os pesquisadores, os mais jovens desejam ganhar independência em relação aos pais, e cuidar do peixinho é visto como um sinal de maior responsabilidade.

“Eu recomendaria esta estratégia a outras famílias porque ela permite que você domine não apenas o peixinho, mas também domine o seu diabetes. Quando você está no domínio, o diabetes não é seu chefe”, afirmou Jeanette.

https://www.youtube.com/watch?v=iBpspQfstG0

 

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