É possível produzir um pâncreas a partir de células-tronco?
A evolução não pára quando o assunto é célula-tronco! O dr. Carlos Couri explica os últimos avanços da Ciência neste artigo.
Estamos vivendo e sendo testemunhas da era da terapia celular. Em paralelo com toda a seriedade e metodologia científica, todos estamos com muita fé nos resultados.
As células-tronco possuem 2 características básicas que as definem:
- Auto-renovação;
- Capacidade de “transformar” células mais maduras e especializadas do que a célula de origem.
Historicamente, quando se fala de células-tronco a maioria do público leigo se lembra das células-tronco embrionárias. Estas células são encontradas no embrião e são capazes de se “transformar” em praticamente qualquer tipo de célula adulta de nosso corpo e por isso são chamadas de pluripotentes.
Para que isto aconteça em laboratório, basta utilizarmos substâncias certas no momento certo que elas se “transformam” nas outras células de interesse.
Para usarmos terapeuticamente as células-tronco embrionárias é necessário que elas sejam primeiramente transformadas nas células que queremos, já “transformadas”.
Um dos grandes desafios é que, quando utilizamos células-tronco embrionárias, elas necessariamente vêm de outro ser vivo e por isso possuem outro DNA. Isto provocaria o que chamamos de rejeição.
Uma enorme evolução ocorreu nos últimos anos e foi motivo de Prêmio Nobel de Medicina. Pesquisadores conseguiram desenvolver as “células iPS” , ou seja, células pluripotentes induzidas a partir de células adultas.
Mas como esta “iPS” é produzida? A partir de uma célula adulta, por meio de técnicas complexas, cientistas conseguem fazê-la se transformar numa célula-tronco embrionária. Isto mesmo! É como se a célula entrasse numa máquina do tempo e voltasse ao estado embrionário. Desta forma, com esta nova célula-tronco embrionária induzida a partir de uma célula adulta, podemos gerar teoricamente todos os tipos de células que quisermos.
A vantagem desta técnica é que poderíamos ter outra fonte alternativa de células-tronco embrionárias sem a necessidade de usarmos somente embriões das clínicas de fertilização. Outra vantagem é que se poderia utilizar uma célula da própria pessoa a ser tratada, evitando a rejeição que seria provocada se a célula-tronco tivesse outro DNA.
Pesquisas mais recentes do final de 2013 mostram que um aspecto teórico vem se tornando realidade: pesquisadores japoneses conseguiram desenvolver um fragmento de tecido de fígado exclusivamente com o uso das células “iPS”.
Portanto, em tese é possível se desenvolver um pâncreas a partir de uma célula adulta do próprio paciente. Sinceramente acredito que isto acontecerá em breve.
Ponto-chave no caso de pacientes com diabetes tipo 1 é a autoimunidade. Todos sabemos que o pâncreas do paciente com diabetes tipo 1 é destruído pelo seu próprio sistema imunológico. Por isso, não adianta transplantarmos um novo pâncreas, mesmo que seja com o DNA dele mesmo, se não manipularmos o sistema imunológico de maneira correta.
O mesmo se aplica ao diabetes tipo 2. O pâncreas diminui a secreção de insulina muitas vezes como consequência da obesidade abdominal. Por isso, não adianta transplantarmos um pâncreas novo se o paciente permanece obeso e com péssimos hábitos de vida.
O desafio é grande! Certamente estamos atentos a novas descobertas e também produzindo nossas próprias pesquisas no Brasil em busca de melhores dias para os pacientes com diabetes.
Vamos em frente!
Por Dr Carlos Eduardo Barra Couri
PhD em Endocrinologia pela Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto-USP, pesquisador da Equipe de Transplante de Células-Tronco da USP-Ribeirão Preto. Conceituado e premiado autor de pesquisas – inclusive em publicações internacionais -, materiais educativos e livros sobre o diabetes, em especial o tipo 1, e terapias com células-tronco.
Site: http://carloseduardocouri.blogspot.com.br ; www.twitter.com/cecouri
Remissão do diabetes tipo 2 é uma realidade cada vez mais frequente, afirmam entidades médicas
Um dos termos mais procurados junto com “diabetes” é “cura“. Afina…
Coloco minha filha a disposiçao , ela tem 12 anos , diabetica a 5 anos e necessito muito de ajuda . Obrigada .
Vivo no interior de São Paulo, sou diabética a mais ou menos 24 anos e um dos meus objetivos é eliminar essa enfermidade ou ao menos obter um melhor controle sobre ela. Faço uso de insulina por três vezes ao dia dando ao total de 60 unidades a cada dia, e estou aguardando uma oportunidade para realizar este objetivo.
É assim que se deve pensar mesmo, Maria! Tenha fé que há muita gente pesquisando novas formas de tratar o diabetes. Já houve uma evolução tremenda nos últimos anos, e podemos esperar ainda mais novidades empolgantes para o futuro próximo.