Home Política & Dinheiro Neuropatia, palmilhas e os pés dos diabéticos

Neuropatia, palmilhas e os pés dos diabéticos

Cuidar bem da saúde dos pés – algo fundamental para quem tem diabetes – pode ser mais barato do que se pensava, segundo nova pesquisa.

Palmilhas feitas para diabéticos são um item importante na prevenção de problemas sérios nos membros inferiores.
Utilizar palmilhas ortopédicas nos calçados é um item importante na prevenção de problemas sérios nos membros inferiores.

Uma análise clínica publicada no Journal of Foot and Ankle Research comparou a eficácia no uso de diferentes palminhas ortopédicas em quem tem neuropatia, um problema muito comum em diabéticos. As palmilhas ajudam a proteger os pés dos problemas relacionados à má circulação do sangue, os quais podem levar a sérias lesões em quem tem diabetes. No início das pesquisas, os cientistas pensavam que as palmilhas feitas sob medida, mais caras e de desenho mais complexo, teriam um desempenho melhor do que as pré-fabricadas. Os resultados do estudo surpreenderam a todos e indicam novas maneiras para tratar os pés diabéticos com eficácia.

 

Alerta: a neuropatia é um problema maior do que muitos supõe

Quase metade dos diabéticos sofre de uma condição médica chamada de neuropatia – isto é, danos aos nervos, decorrentes das altas taxas de açúcar no sangue [aprenda mais sobre a neuropatia neste link do Diabeticool]. Apesar de poderem afetar todo o corpo, como mãos e pele, estes danos costumam aparecer com maior freqüência nos membros inferiores. E é justamente aí que mora o perigo. Pés e pernas são algumas das partes mais suceptíveis a machucados em uma pessoa – quantas vezes não batemos o dedinho na quina de um móvel ou acertamos o joelho, sem querer, na mesa?! Acrescente a isto o fato de que a neuropatia diminui a sensibilidade nas regiões afetadas. Desta forma, pessoas com neuropatias nos membros inferiores podem facilmente se machucar e não sentir nada. Além disso, como sabemos, quem está com diabetes geralmente tem problemas de cicatrização. Um pequeno machucado nos pés, não detectado, pode se transformar, em pouco tempo, em uma ferida incurável.

Examinar os pés dos diabéticos com cuidado é dever de todo médico atencioso.
Examinar os pés dos diabéticos com cuidado é dever de todo médico atencioso.

Não são raros os casos de amputações decorrentes desta triste associação entre diabetes e neuropatia. De fato, o diabetes é a principal causa de amputações no mundo inteiro, respondendo por 50% destes procedimentos cirúrgicos. Estima-se que diabéticos têm quinze vezes mais chances de terem um membro amputado do que o restante da população. Além disso, problemas relacionados aos pés são o motivo número um pelo qual diabéticos costumam ser internados. Apesar das informações acima soarem desagradáveis, há um alento simples e eficiente: boa parte dos problemas decorrentes da neuropatia podem ser prevenidos através de uma rotina fácil de checagem dos pés, em busca de lesões como pequenas feridas e inchaços. Hospitais de alta qualidade no tratamento de diabéticos costumam fazer esta checagem como procedimento rotineiro [como mostra esta matéria do site].

 

Qual tipo de palmilha é o melhor?

O estudo em questão contou com a colaboração de mais de 100 diabéticos, divididos em dois grupos. Um deles utilizou palmilhas pré-fabricadas, enquanto o outro colocou em seus sapatos aquelas feitas sob medida. O trabalho durou seis meses. Ao longo deste tempo, a pressão exercida sobre os pés conforme os pacientes caminhavam foi medida várias vezes. Os cientistas buscavam apenas confirmar um hipótese que parecia óbvia: as palmilhas feitas sob medida seriam melhores para estes pacientes. Este tipo de palmilha usualmente é anunciado como sendo superior às pré-fabricadas por maximizarem a área de distribuição de pressão ao longo do pé, impedindo que pontos isolados sofram mais pressão que os demais e, com isso, corram maiores riscos de desenvolver lesões.

Todavia, os resultados destes seis meses de observações e medições de pressão foram bem conclusivos: tanto faz calçar sapatos com palminhas pré-fabricadas ou feitas sob medida. A eficiência de ambas na distribuição da pressão é igual. A única diferença encontrada é que as feitas sob medida costumam ser um pouco mais efetivas em diminuir a pressão total exercida na parte da frente dos pés. Fora isto, nenhuma distinção significativa foi encontrada.

Escreveram os autores no estudo: “As palmilhas feitas sob medida são mais caras que as palmilhas pré-fabricadas avaliadas neste trabalho e não são melhores na redução de picos de pressão. (…) Nós recomendamos que, caso seja clinicamente apropriado, as palmilhas pré-fabricadas, de melhor custo-benefício, devem ser consideradas para uso em pacientes com diabetes e neuropatia.”

No Brasil, a dica é válida e bem-vinda. Em relação ao custo-benefício, as palmilhas pré-fabricadas ganham a batalha em relação às demais. Seus preços variam de R$30 a R$90, dependendo do material com o qual são feitas. Já as feitas sob medida costumam ter preços por volta dos R$100.

Uma ressalva: é importante atentar que os dois tipos de palmilhas utilizadas no estudo diferem apenas na maneira como são produzidas, porém são todas palmilhas ortopédicas. Diversos estudos comprovaram, sem sombra de dúvida, que as palmilhas ortopédicas são muito melhores na redução de pressão e dos riscos de úlceras e amputações do que as palmilhas convencionais.

5 Comentários

  1. MAS QEM FABRICA..????…QERO O ENDEREÇO DE ALGUM FABRICANTE…ALGUEM SABE INFORMAR……

  2. Oi, Luciano.
    A matéria explica os diversos benefícios do uso das palmilhas em quem convive com o diabetes. Aqui no Brasil, existem diversas empresas que produzem este tipo de calçado, como a Pés Sem Dor, a Ortho Pauher etc. Boa parte delas envia para todo o país pelos Correios, então vale a pena checar o site destas empresas! Um abraço

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado.

Veja também!

Remissão do diabetes tipo 2 é uma realidade cada vez mais frequente, afirmam entidades médicas

Um dos termos mais procurados junto com “diabetes” é “cura“. Afina…