Pesquisa brasileira abre novos caminhos terapêuticos
Estudo realizado na Unicamp correlaciona hormônio produzido no fígado à resistência à insulina, abrindo perspectivas para novos tratamentos de cura para o diabetes.
fonte: Jornal da Unicamp
Uma tese de doutorado acalenta esperanças de inéditos tratamentos para o diabetes. O estudo, realizado na Faculdade de Ciências Médicas e no Instituto de Biologia da Unicamp pelo biomédico Tiago Gomes de Araújo, sob orientação do famoso endocrinologista especialista em diabetes Mário Saad, analisou o papel do hormônio HGF no desenvolvimento do diabetes. Os resultados podem, futuramente, ser aplicados em terapias contra a doença.
O hormônio HGF é um dos responsáveis pelas altas taxas de regeneração do fígado. Além disso, ele estimula o crescimento de células beta do pâncreas, as responsáveis pela produção de insulina. De acordo com o Jornal da Unicamp, “a pesquisa de Tiago teve como objetivo mostrar a relação de causa-efeito entre o aumento dos níveis circulantes de HGF, o aumento de células beta do pâncreas, a hiperinsulinemia compensatória e a força dessa associação.”
fonte: Jornal da UnicampO grande feito da pesquisa, publicada no periódico Endocrinology sob o título de “Hepatocyte growth factor plays a key role in insulin resistance-associated compensatory mechanisms”, foi caracterizar detalhadamente como ocorre a associação entre o hormônio produzido pelo fígado e a glicemia. Agora, sabemos que quando a resistência à insulina se instala no organismo, ela estimula o aumento na secreção do HGF, e este, por sua vez, induz à proliferação de células produtoras de insulina. Ou seja, quando o corpo percebe que a insulina não está funcionando de maneira efetiva, estimula a produção de mais insulina.
Em entrevista ao Jornal, o pesquisador resumiu os achados: “No modelo animal de obesidade, observamos um aumento do HGF no fígado e no tecido adiposo, que são dois tecidos muito bem caracterizados em situações de resistência à insulina. Assim, podemos sugerir que a resistência à insulina, de alguma forma nestes tecidos, pode induzir um aumento do HGF. Isso passa a ser irônico, pois no sentido de proteger o indivíduo do desenvolvimento do diabetes, o organismo cria uma resposta compensatória aumentando a massa de células beta do pâncreas levando, assim, à produção de mais insulina para compensar o aumento do açúcar no sangue.”
Ainda de acordo com a reportagem, “O professor e orientador Mario Saad reforça a importância da descoberta: “O HGF passa a ser um alvo-terapêutico, pois melhora a ação da insulina nos tecidos periféricos. Se conseguirmos medicamentos que possam potencializar a ação do HGF, vamos conseguir drogas para tratar melhor o diabetes tipo 2. Além disso, isso mostra que ele pode ser usado para proliferação das células beta, representando um importante passo para o transplante de ilhotas pancreáticas em pacientes com diabetes tipo 1”, disse Saad.”
Vale lembrar que a resistência à insulina é a menor capacidade do organismo de utilizar este hormônio como meio de transferência da glicose do sangue para as células. Além disso, ela é uma das características clássicas de diabetes.
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