A falha de defesa do sistema de defesa
Cientistas australianos avançam na compreensão do porquê o sistema imune ataca o próprio organismo, causando doenças como o diabetes tipo 1.
O diabetes tipo 1 é um dos exemplos mais comuns de doença auto-imune. As doenças auto-imunes ocorrem quando o sistema imune, que nos protege de elemento danosos ao organismo, ataca órgãos e tecidos saudáveis do próprio corpo. Existem mais de 80 doenças auto-imunes, entre elas a artrite reumatóide, a esclerose múltipla e, claro, o tipo 1 do diabetes. Neste último caso, o sistema imune vai destruindo, desde cedo na vida da pessoa, as chamadas células beta do pâncreas, que detêm a função de produzir insulina. Sem insulina, o corpo não consegue utilizar corretamente o açúcar da corrente sangüínea, e o diabetes se instala. Ninguém sabe direito o porquê do sistema imune de algumas pessoas atacar o próprio organismo. A boa notícia é que pesquisadores do Walter and Eliza Hall Institute e da University of Ballarat, ambos na Austrália, chegaram mais perto de descobrir uma resposta.
Como o corpo se protege de “células rebeldes”
O corpo humano é bastante sábio. Células do sistema imune que atacam o próprio corpo podem surgir vez ou outra, naturalmente. Para nossa sorte, existem mecanismos que impedem que estas células façam muitos danos. As doenças auto-imunes só progridem se estes mecanismos não funcionam direito.
A maneira habitual do corpo lidar com estas “células rebeldes” é induzindo a morte delas – um processo chamado de apoptose. Caso esta estratégia não funcione, ainda há uma segunda maneira de prevenir que façam estragos. “Se quaisquer células auto-reativas conseguirem atingir a maturidade, o corpo normalmente possui uma segunda barreira de proteção, que é passar estas células perigosas para um estado inativo, prevenindo que elas causem doenças auto-imunes”, explica o dr. Daniel Gray, principal autor do recente estudo, publicado no periódico Immunity.
As novidades do dr. Gray
A pesquisa dos australianos se concentrou no principal mecanismo de defesa do corpo contra as “células rebeldes”, ou seja, a indução da apoptose. Dr. Gray e sua equipe demonstraram que o acúmulo destas células auto-reativas está intimamente relacionado à falta de duas proteínas, chamadas de Puma e Bim, ambas importantíssimas no processo de apoptose! Portanto, agora já se pode suspeitar, com propriedade, que a falta destas proteínas prejudica o mecanismo de apoptose e que isto, por sua vez, prejudica a eliminação de células auto-reativas. Quando estas se acumulam, surgem as doenças auto-imunes.
Com estas importantes informações em mãos, o próximo passo dos cientistas é trabalhar com pesquisadores que descobriram defeitos nos nossos genes que estão associados às doenças auto-imunes. Complementa o dr. Daniel: “Agora nós sabemos que a morte de células auto-reativas é uma importante proteção contra a autoimunidade. Prosseguiremos o trabalho buscando descobrir se defeitos no processo de morte celular cooperam com outros fatores para causar doenças auto-imunes humanas”. Boa sorte a ele e sua equipe!
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